tag:blogger.com,1999:blog-49069793452638984622024-03-05T02:46:16.299-08:00Mar AbertoOs textos aqui postados, ainda que cheio de vícios e em primeira pessoa, não são, necessariamente, autobiográficos. Qualquer semelhança com fatos do meu cotidiano é mera coincidência.Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-40299901299553216942015-05-26T07:45:00.000-07:002015-05-26T08:04:28.188-07:00Cheiro<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Cheiro. Particular. Íntimo. Cheiro não é apenas perfume. Cheiro é pele, suor, fragrâncias e sentimentos. Tem gente que tem cheiro de felicidade. Que estranho seria se pudéssemos trocar de cheiros; certamente eu faria um escambo, o meu cheiro de fascínio pelo cheiro de felicidade daquele homem da noite anterior.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Certa manhã, -parafraseando Kafka na cara de pau mesmo- acordei de sonhos intranquilos. Uma intranquilidade fruto de um sono leve, embalado pelo cheiro alheio que exalava de mim. Meu sonho não me pertencia, na medida em que, nele, eu não me habitava inteiramente. O homem que deixara seu cheiro em mim, na noite anterior, me adentrava em sonho de forma peculiar e quase literal. Cada poro meu respirava e engolia, para si, seu cheiro e seus pedaços. Por cada poro ele injetava em mim as mais puras partículas de felicidade, como se felicidade fosse uma fórmula superconcentrada que pudesse ser comprada na farmácia da esquina. A felicidade se mostrava simples.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O sonho, esplêndido em sua intranquilidade, deu lugar a instantes de uma calma matinal enquanto eu me mantinha estirada, sozinha, em minha cama. Ah, aquele cheiro que não consigo descrever! Era um resquício da noite anterior, uma ponte para boas memórias de todas as outras noites que passamos juntos. Minha pele, momentaneamente, exalava não a mim, mas a ele.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Poucos instantes se passaram e a intranquilidade logo voltara, ao passo que, possessiva, eu aspirava por um olfato superdesenvolvido; aspirava sentir aquele cheiro, agora leve, de forma intensa e mais duradoura; eu lutava contra a minha normalidade olfativa e contra o tempo, quando um segundo durava exatamente um segundo, e, dentro de, no máximo poucas horas, roubariam de mim aquele aroma daquele homem. O tempo não pararia e eu lutava, em vão, para ser eterna possuidora daquele cheiro que não era meu.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Falhei. Não havia contra o que lutar, era uma batalha perdida. Mantive-me quieta, imóvel em posição fetal. Aproveitei, derrotada, cada segundo até que a minha pele voltasse a carregar, por inteira, o meu próprio aroma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chegou ao fim. Inconformada eu exalava apenas a mim mesma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Com a partida do cheiro da felicidade, me restou apenas eternizá-lo em minhas palavras e esperar por aquele momento em que minha pele sagaz poderá roubá-lo novamente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Confesso, já próxima ao fim das linhas, que aquele não foi um devaneio fruto de um cheiro de uma noite só; foi obra, mesmo que piegas, do amor construído. Aquele cheiro não surgiu o como o protótipo da felicidade, ao contrário, mesmo que naturalmente, ele foi moldado até se transformar, de fato, na minha felicidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quanto aos momentos de inquietude, esses se repetem a cada encontro e desencontro. Enquanto houver felicidade, sonhos intraquilos e apego ao cheiro do outro, haverá, para nós, muito amor.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aquele cheiro se fez felicidade. O cheiro e o tempo. O homem no tempo e o cheiro no homem. A gente se fez felicidade. A gente no tempo e o homem em mim. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ainda sim grito alto: Cheiro, és ingrato enquanto passageiro; És um malandro com suas reiteradas idas e vindas!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Agora, já sem o cheiro do meu homem, bebo uma dose de cachaça e fumo o meu cigarro; o álcool e a nicotina me presenteiam agora com o nosso gosto, que mistura o sabor do fascínio com o da felicidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Que comece a busca por todos os sentidos da felicidade!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/11291802452145774808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-58532384347162950202015-05-13T07:17:00.000-07:002015-05-13T07:17:34.131-07:00Muito não obrigada<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sempre
fui do tipo que agradece demais. Deve ter sido criação. Minha mãe frisava muito
a importância das palavras mágicas, principalmente do obrigado. Cresci com
isso. Hoje, já grande, ainda me pego pecando pelo excesso de obrigados. Sabe,
às vezes estou distraída, alguém fala alguma coisa aleatória, e lá vou eu,
desembestada soltando um: obrigada! Às vezes a pessoa só está me pedindo um
favor e eu me mantenho inerte, após soltar minha palavrinha mágica. Não é maldade,
é distração e força do hábito.</span></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlSEOY-PX3PaXGY6bFXhSHKLjFxlaDRSGvTg5FDIlp1H_EbDMcpmLBOMWz5qWGmKE0tVfdi1RsLXRuzWFmdtggQ7gJrMo0sRxPb050YOvZW2jvw4pzuPReop8Bpxz5DTcRiUkId54kwCZ-/s1600/cronica+mariana1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlSEOY-PX3PaXGY6bFXhSHKLjFxlaDRSGvTg5FDIlp1H_EbDMcpmLBOMWz5qWGmKE0tVfdi1RsLXRuzWFmdtggQ7gJrMo0sRxPb050YOvZW2jvw4pzuPReop8Bpxz5DTcRiUkId54kwCZ-/s320/cronica+mariana1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: William Araújo</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acho
que parte da culpa também pode ser atribuída à Rosana, minha professora de
português da terceira série. Um dos flashes que me lembro com mais precisão das
aulas de ensino fundamental era a Rosana ensinando que obrigado variava de
acordo com o gênero. Achei aquilo um máximo. Comecei a distribuir “obrigada”,
com um sonoro A no final, para todos. Sempre fui meio bocó pomposa, queria que
as pessoas soubessem que eu sabia falar certo. O episódio foi o mesmo quando a
Rosana ensinou que deveríamos pedir trezentos gramas de presunto na padaria, e
não trezentas. Aí foi uma festa, todo dia eu queria sair para comprar trezentos
gramas de fatiados, pegar o embrulho, e soltar um magnífico obrigada. E olha
que eu nem gosto de presunto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ah,
Rosana... Você poderia ter sido minha professora favorita por toda uma vida.
Mas não, na quarta série, quando eu venci o seu concurso de leitura e produção
de textos, que perdurou por todo o ano, e nunca recebi meu prêmio, você perdeu
o seu posto. Aquele momento doeu. Porra, Rosana, eu me empenhei o ano inteiro.
E aposto que agora, aqueles que estudaram comigo nem se lembram disso, nem se
lembram que fui a vencedora; quiçá se lembram que o concurso existiu. Mas se eu
tivesse ganhado meu prêmio, e não um parabéns sem graça – que qualquer pessoa
fala certo, que não varia com o gênero-, eles lembrariam, porque criança é
competitiva, guarda as coisas. E eu guardo isso desde 1999. Muito não obrigada.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/11291802452145774808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-10601436159687292332015-05-05T05:40:00.001-07:002015-05-05T05:40:49.104-07:00Desse tamanho aqui, ó!<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estava do lado de cá do passeio. O homem,
do lado de lá. Era hora do café da tarde, do <i>break</i> no trabalho. Estava prestes a atravessar a rua quando o
sujeito se antecipou e veio em minha direção. Com uma mão ele segurava um vaso
de planta montado artesanalmente; com a outra, levava à boca o que, há
instantes, havia sido um cigarro. Naquele momento era apenas filtro queimado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Moça, compra minha arte? <i>Dirigiu a
palavra a mim, enquanto esticava o braço, mostrando a planta.</i><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Hoje eu não tenho nada. É fim de mês e sou estagiária.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Eu faço pra você por R$ 5. Olha, fiz tudo à mão. Peguei essa garrafa que fica
aqui em baixo do suporte na rua, porque detesto gente que polui o ambiente. Já
catei meu reciclável do dia. Já fiz a minha parte. Faça a sua, dê uma forcinha
aí<i>.</i> <i>Insistiu como quem tenta vender um carro de luxo, esperando aquela
comissão.</i><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Ô moço, não tenho nada mesmo. Vai ficar pra próxima.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Sem problemas, então. Mas você me dá um minuto da sua atenção?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Claro, diga!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Semana passada, ganhei R$50 com a planta. Mas foi com outra. Eu ‘tava’ na minha
casa e meu primo apareceu com um amigo dele lá. Assim, de surpresa. E não é que
o caboclo viu meu pé de maconha e me ofereceu 50 pratas nele? Era desse tamanho
aqui ó – <i>o homem gesticulou apontando
para a altura dos seus joelhos</i>. Vendi na hora!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Após
desabafar sobre o feito, com um misto no olhar de realização e saudade, ele se despediu
apenas pelo gesticular de sua mão esquerda.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">–
Cuidado com a planta que vai vender por aí! <i>Aconselhei
e observei o homem caminhar noutra direção. Ainda com o toco de cigarro nos
lábios.<o:p></o:p></i></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-53564464782603295612015-04-28T06:33:00.000-07:002015-05-03T10:04:29.423-07:00Cara ou Coroa<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Acordei e não sinto nada. Na verdade
sinto. Sinto que um caminhão passou sobre o meu corpo, que virou a noite
perdido em tristeza e reflexão. Fora isso, nadinha. Depois de todo esse tempo
com ele, já não sinto paixão, tesão, raiva, desapontamento ou ânimo. Quiçá
consigo sentir o amor que até ontem estava aqui. O único dos sentimentos que
tinha me restado. Será que me transformei, de novo, na pedra que eu era? Ou
será que fui transformada?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Ele temia o meu desencanto repentino.
Como eu sempre fiz com aqueles que vieram antes. Ora bolas, não posso ser a
culpada por todos os finais dos meus relacionamentos. Definitivamente
não. Não sou do tipo que pede
demais, mas planos sozinhos, quando arquitetados para dois, estão fadados ao
fracasso. É perigoso. E o mais triste: nesse caso, eu assinei o projeto
arquitetônico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Aí fica a pergunta: cadê o amor que
tava aqui? Ele saiu pra tomar uma xícara de café e volta? Ou ele saiu pra comprar
cigarros e nunca mais será visto? Não sei. Peguei uma moeda e comecei a falar e
ponderar sozinha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">_
Se der cara, é só um café. Se der coroa, são os cigarros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Joguei. Coroa. Decidi tentar no
melhor de três para o resultado ser mais confiável. Você sabe, é mais preciso
tirar duas ou três caras, do que apenas uma. O vento pode ter influenciado na
primeira. Joguei de novo. Cara. Eu sabia! Ainda sem sentir nada, segurei a
moeda, tasquei-lhe um beijo e fiz o terceiro lance. C-O-R-O-A.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Ora, quanta estupidez a minha pensar
que uma porcaria de uma moeda vai revelar se um duende chapadão resolveu
esconder meus sentimentos num potinho depois do arco íris, ou se ele resolveu
colocar fogo para acender seu baseado de trevo de quatro folhas. Deixa disso,
pensei.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Para descobrir se o amor ainda está
lá, preciso tentar sentir outra coisa, que me prove, de fato, minha indagação.
Já sei, preciso tentar sentir culpa! Se a culpa vier, batata, o amor ainda está
em algum lugar. Se a culpa não vier, ele já não existe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Tomei um banho demorado. Deixei que
a água que caía sobre mim refrescasse minhas ideias. Aquilo era insano, mas era
preciso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">_ Porra! Esqueci a toalha!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Pisei no tapete felpudo do banheiro
e me remexi feito um cachorro, na esperança que me secar. Não deu certo. É obvio
que não deu. Saí correndo na esperança de não molhar o caminho até o quarto.
Também não deu certo. É claro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Me vesti. Nada demais. Apenas um
vestido xadrez. Nada de salto ou maquiagem. Apenas o vestido e algumas gotas de
Light Blue. Aquele dia, eu queria carregar um cheiro de sobriedade, não o
típico cheiro de sedução que o J’adore proporciona. Naquele dia eu ia sair em
busca da minha sobriedade emocional. Se eu achasse a culpa, o amor ainda
persistiria, em algum lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Peguei minhas chaves, tranquei o
apartamento. Desci para a garagem. Antes de ligar o carro, coloquei para tocar
aquela música na voz da Maria Rita, que fala que o trem que chega é o mesmo trem da
partida. Achei propício. Tirei o carro e cantei como se não houvesse amanhã. E
cantei uma, duas, três, quinze vezes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 150%;">Onde vai estar a culpa? Dentro das
calças de um homem, concluí. Naquele dia, eu precisava beber e foder. E acordar
de porre e suja com a porra de outro. Se ainda sim eu não sentisse nada, era
mesmo o fim do amor.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-80138453868433913552015-04-25T08:55:00.000-07:002015-04-25T12:25:36.636-07:00Disfarce!<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Estava deitada sobre um sofá cama de couro marrom; o sofá que, certamente, já conhecia cada curva minha. Senti um respirar vindo do corpo colado ao meu. Era o homem que dormia ao meu lado. Ele e seu respirar pesado e desajeitado. Um respirar penoso sob todos aqueles cachos que lhe caíam no rosto. Quieta, apenas com os olhos atentos e o corpo inerte, eu o observei.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Observei seus jeitos e trejeitos mais íntimos, aqueles involuntários que o sono trata de entregar. Meu toque clamou pelo seu corpo. Com cuidado afaguei a parte de trás de seus cabelos, revelando-se uma das poucas pintas que carregava no corpo, uma singela e discreta marca na nuca. Sorri e deixei que os cabelos caíssem novamente sobre sua pele.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Sem querer acordá-lo me mantive apenas deitada ao seu lado, inerte de corpo, mas efervescente em pensamentos de admiração que saltavam para fora de mim em forma de sorriso. Carregava comigo um desejo de perenidade, um desejo de que tudo permanecesse perfeito como até então tinha sido construído. Naquela noite, me peguei com um medo descomunal de perda; fruto de uma teia de assombrações e ligações entre falas e memórias do que já havia ficado pra trás. Um medo meramente pautado em suposições.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Sem ter muito o que fazer, pensativa com meus medos, anseios e angústias, foquei o olhar na porta negra que dava de frente para o sofá. Estava entreaberta. Num momento de delírio vi uma luz azul passar pela fresta aberta. Ela veio, aos poucos, adentrando a sala até se concentrar em forma circular na lateral do sofá cama no qual eu me encontrava. A luz, que começou azul, ganhou um tom intensamente claro. Me ofuscou os olhos e, ao conseguir abri-los novamente, uma imagem tinha ganhado corpo ali. Em pé. Ao meu lado. Eu, que não entendi nada fiquei apática.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Era uma figura de homem, parecia um santo, com sandálias de Jesus e vestes como aquelas que cobrem as imagens nas igrejas; uma espécie de alta costura do clero camuflada num modelo simplista e atemporal. Mas o meu santo carregava consigo um cigarro e puxou para si a cadeira que ficava próxima ao sofá. Assentou-se, cruzou as pernas e, reclamando do cansaço que as sandálias lhe causaram, tragou seu cigarro.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">_Pois então... começou a falar enquanto baforava a fumaça. _ Não precisa se assustar, tô aqui pra te ajudar! Tava passando por essas bandas e senti cheiro de angústia misturada com amor. Sim, os sentimentos tem cheiros e, puta que pariu, amor misturado com angústia fede pra caralho. Sim, santos também falam palavrões, mas o cigarro é segredo! Mas deixe-me apresentar, sou o santo que protege aqueles que fazem uso de calmantes, ansiolíticos e os psicóticos no geral. Alguns me chamam de Santo do Prozac, mas pode me chamar como quiser.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Continuei apática, sem chamá-lo de absolutamente nada. Apenas ouvia o que o barbudo hippongo teletransportado pela luz azul tinha pra dizer.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 24px;">_ Fique com o amor e abandone a angústia. É sério, joga fora essa porra toda de teorizar sobre o que ficou pra trás, de questionar demais, acredite na pele ao seu lado. A pele não mente! Deixe de ser mulherzinha e jamais se esqueça do cigarro pós coito! Não vou me alongar, afinal de contas, não sou o santo da auto ajuda.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">O cigarro do Sr. Prozac já havia acabado. Ele se levantou, sentou ao meu lado e me lascou um beijo ainda com gosto de tabaco e me soltou uma última frase: “A gente pode brincar, mas você tem que disfarçar!”. Ao abrir os olhos ele havia desaparecido. Tentei entender aquela cena bizarra. Não deu.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Novamente deitei na quietude e, num surto de sensatez, percebi que eu estava, na verdade, acordada dentro do meu próprio sonho. Lutei para acordar. Uma. Duas. Três vezes. Na quarta tentativa consegui ser bruscamente expelida para o real. De fato eu havia acordado. Com os olhos realmente abertos encarei novamente aquele corpo. Aquele respirar. Aqueles cachos. Aquela personificação do que seria um sonho realmente bom.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Sorri um sorriso involuntário. Sorri ao sentir o amor jorrando pelos meus poros. E, novamente me aconcheguei junto àquele corpo. Agora aqueles cachos também caíam sobre mim. E, ali, eu quis ficar por toda a eternidade, sob o acalento da pele quente e sob as leves cócegas que os fios causavam nas minhas costas nuas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">No fundo, o santo era eu. O acalento para as minhas angústias disfarçadas sob a alta costura do clero. Quanta heresia! Que disfarce mais insólito!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Disfarce. Será essa a nova ordem?! Ordem?! E lá existe ordem no meu caos? Pensei.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="background: white; line-height: 24px;"></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 24px;">Não preciso de disfarces. Concluí.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-36983152311364174452013-11-07T07:38:00.001-08:002015-05-03T10:03:25.528-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E eu exorcizo meus demônios escrevendo. Lanço-os em cartas que nunca serão enviadas, em textos que nunca serão terminados e em livros que nunca vão chegar ao fim. E ali eles ficam aprisionados, no tempo e por algum tempo.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-67302878492085313562013-08-14T04:53:00.000-07:002015-05-03T16:49:33.582-07:00<h3 style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Saudade boa é a que bate do lado de lá e volta pro lado de cá.</span></h3>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-23995268951771791972013-07-04T12:33:00.000-07:002015-05-03T16:49:50.553-07:00<h3>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;">Concentra</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: small;"><div style="text-align: justify;">
Inspira</div>
<div style="text-align: justify;">
ação!</div>
</span></h3>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-32221595774209384222013-06-28T08:20:00.000-07:002015-05-03T16:50:16.735-07:00<h3 style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small; font-weight: normal;">O quão bom é saber mergulhar na entrega quando ela é diretamente proporcional ao querer! Se entregar sozinho é perigoso, é raso. Bom mesmo é se entregar nas profundezas onde a companhia é certa e o medo não é capaz de chegar. Assim largo pra trás medos, concepções e tabus obsoletos e apenas me entrego.</span></h3>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-25284681356755953882013-06-14T05:02:00.001-07:002015-05-03T16:51:04.228-07:00Entrega<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É quando me entrego<br />Que trago o melhor em mim<br />Até chegar a hora<br />Aquela inevitável<br />Hora do estrago<br />Aí apenas trago o meu cigarro<br />E espero a próxima entrega</span>Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-34931512259863021312013-06-05T11:14:00.003-07:002015-05-03T16:51:27.331-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O esquecimento devolve o brilho a uma mente sem lembranças, mas é no borrão da memória que a história se reconstrói, é na opacidade borrada que os velhos erros aprendem a dar espaço a outros. Erros. Sabores. Amores. INÉDITOS.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-76272127586371482042013-06-04T06:57:00.000-07:002015-05-03T16:51:45.967-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Tenho preguiça de gente sem sal, desses que não servem nem para nos dar nos nervos. Gosto dos temperados, explosivos e à flor da pele. Gosto dos que transpiram sensações, dos transparentes, dos quentes e verdadeiros. Gosto dos que são em si a mais bela aceitação.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-17229367599295339022013-04-28T15:19:00.000-07:002015-05-03T16:52:03.405-07:00<h2>
</h2>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Coloquei o cigarro com a piteira suja de batom vermelho no cinzeiro que estava sobre a mesinha ao lado do sofá. A fumaça subia de forma linear até certa altura, onde, num charme singular estava fadada a perder sua linearidade; aquele deformar sempre me atraiu mais que o traço perfeito e sem graça.[...]Deixei meu copo cair. Gelo, whisky, vidro e chão. Me rendi.[pela pele]</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-47364214004717171742013-04-11T13:42:00.000-07:002015-05-03T16:52:20.822-07:00Pela Pele<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;">Procura-se um amor, desses de uma noite só - ou até mesmo de uma vida inteira -, que rabisque em minha pele seus devaneios. Devaneios em tinta preta escorrendo, nascendo e morrendo pela pele.</span>Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-66873535070612073602013-02-25T09:46:00.001-08:002015-05-03T16:52:40.580-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Gosto mesmo é dos que tem a coragem de soltar as amarras com o passado. De gritar a liberdade em face do que ficou pra trás. Gosto dos que riem na cara da estupidez ora existente. Gosto daqueles que sugam as lições do vivido e apagam o resto. Porque é como aquele velho clichê: "se passado fosse bom, era presente!" "Gavetas" são para os inseguros, e os inseguros, esses não me atraem.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-72216631845853957522013-02-15T06:07:00.000-08:002015-05-03T16:52:55.528-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O simples é mais fácil. O que não pensa é mais fácil. O quieto é mais fácil... O submisso então, nem se fala, esse é ridiculamente fácil! Relacionamentos assim são simplesmente práticos. Entretanto, o simples é raso. O simples não me atrai e o raso não me cobre inteira. No que tange à esfera dos relacionamentos, gosto mesmo das profundezas do que é complicado. Gosto dos que me instigam. Gosto dos que me desafiam sem me subestimar. Gosto da troca, não apenas do dar ou do receber. Se relacionar é isso, é ser desafiado a crescer em meio à troca constante.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-17979419402736967132013-02-03T07:31:00.000-08:002015-05-03T16:53:09.944-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O diferente atrai, mas é raro de convencer e prevalecer. No fundo do real e universal (nas mais diferentes escalas, é claro) egocentrismo, nos encontramos na eterna busca pelo bom e velho semelhante. Ah, as peripécias do ego!</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-54171148125111170592013-01-27T08:35:00.001-08:002015-05-03T16:53:27.816-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O dia em que eu tiver que limitar minhas palavras ou filtrar meus pensamentos em razão de algum homem, estarei condenada à masturbação eterna.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-67758576523035609912012-09-08T16:43:00.000-07:002015-05-03T16:53:45.392-07:00O Norte Sentimental<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O destino da bússola é apontar
para o norte. E o destino do coração, também seria apontar para alguma espécie
de ponto?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um
dia eu soube que tinha uma bússola cravada no peito, que sempre apontava para o
meu norte. Meu norte em forma de homem, o que me fazia sempre procurar por resquícios
dele em todos os homens leste-oeste-sul. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É
inevitável, nortes existem. Nortes marcam. Nortes nos atraem. Nortes nos puxam
com uma força imensurável.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então,
o que seria esse tal norte sentimental?!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Bom,
muitos passam por nossas vidas e, igualmente nessa linha, nós também passamos
por inúmeras delas. Nem a mais egocêntrica das pessoas um dial almejou ser o
protagonista de todas as vidas por onde passou. Somos fadados a protagonizar
apenas as nossas vidas; a termos participações importantes em pouquíssimas; a
sermos vilões em algumas; e a sermos elenco de apoio de muitas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nesse
jogo de idas e vindas de vidas, sempre vai ter um par-norte pra você, o grande protagonista.
Esse será o par que vai te marcar mais, que vai ser de fato o seu norte, que te
fará comparar todos os próximos pares mais coadjuvantes com ele.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por
um momento pensei ser antiético comparar uns ao outro. Pensei ser uma puta
sacanagem confrontar carinhos, palavras, paus, desenvolturas sexuais, o sabor
do suor, o gosto do sexo, o tesão das palavras ditas e ouvidas... Mas não é. A comparação
se pauta na nossa racionalidade. Comparamos por sermos racionais e por racionalizamos
os sentimentos na medida do possível.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ter
um norte nos fada à comparação e ao menosprezo saudável de todas as direções
que não são ela. Não vejo essa tal de antiética uma vez que, comparamos, mas,
também somos comparados. Para alguns poucos seremos um dia o norte, mas para a
maioria, faremos o papel do leste, do sul, do oeste. É a dança da bússola
sentimental.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um
dia, meu homem norte, por teimosia, resolveu burlar sua bússola, rodeando-a com
ímãs, ora puxando-a para o leste, ora para o sul, mas nunca deixando-a
aproximar de mim, o seu também norte. Foi então que me perguntei: seria
possível transformar outras direções em norte?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A
racionalidade sentimental vai até certo ponto. Não acredito na possibilidade de
transformar um leste num norte tomando-se consciência disso. Acredito nas
transformações espontâneas. Transformar, nessa esfera, com consciência é cruel,
é temporário. Redescobrir é saudável. Não burle seu norte, sofra com ele, sofra
até redescobri-lo num outro alguém.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: 35.4pt;">Por fim, quanta
ironia a bússola apontar para o norte assim como o falo...</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-41393567973592185562012-07-16T11:57:00.002-07:002015-05-03T16:54:10.927-07:00Querido desconhecido...<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Escrevo a você, que um dia vai ser o grande amor da minha vida, assim como todos os outros que passaram por minha história em algum momento o foram... Sei que vamos nos encontrar e olhares vão se cruzar, palavras soltas serão as armas da sedução, ficaremos atados nesta rede de palavras e sentimentos arrebatadores. E a curiosidade por aquele que mal conhecemos vai nos rondar, atordoando mais ainda nossas cabeças e corações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Beijos serão trocados, carícias compartilhadas. Nossos corpos se entrelaçarão. Músicas, filmes, telas, versos e fotografias vão fazer uma espécie de elo, ligando nossos momentos mais intensos, os quais lembraremos com um grande sorriso estampado no rosto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A convivência vai se instaurar. Adoraremos as manias estranhas um do outro. Saberemos a posição exata que o outro se agarra ao travesseiro para dormir. Na primeira vez que formos dormir juntos, não dormiremos... ambos irão fingir, fechando os olhos e, apenas prestando a atenção na respiração daquele corpo estirado na cama, como se aquele som baixinho fosse a mais bela sinfonia já ouvida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por fim, vai chegar um momento em que suas manias vão me irritar, que o som da sua voz vai soar como notas musicais sem sentido e mal organizadas. Vai chegar um momento em que tudo o que me encantava em você vai desmoronar e, num piscar de olhos, você vai deixar de ser o amor da minha vida, assim como todos os outros, em algum ponto o deixaram de ser. Ou, pode até ser que toda esta agonia sentimental venha a partir inicialmente de você, vai saber...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então um de nós colocará um ponto final nesta história com um belo início. Será nesse momento que vou perceber, mais uma vez, que não existem amores para toda a vida, existem amores para os momentos e, novamente começarei minha busca pelo próximo desconhecido, aquele que seja, na verdade, o amor para todos os meus momentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Querido desconhecido, nos vemos em algum lugar no futuro, quando você me mostrará a veracidade ou não desta minha teoria.</span></div>
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<br /></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-3259501917409332932012-07-11T05:31:00.002-07:002015-05-03T16:54:26.535-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As pessoas seriam mais felizes se parassem de fingir relacionamentos e orgasmos... </span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-46823228184179053522012-07-03T07:01:00.002-07:002015-05-03T16:55:14.737-07:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Gritando no meu silêncio e criando caos a partir da ordem, assim vou afastando meus maiores fantasmas, aqueles da mesmice e da monotonia.</span></div>
Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-19926676730736834092012-02-14T03:09:00.002-08:002012-02-14T03:16:08.247-08:00Lábios Vermelhos, Alma em ChamaO batom vermelho que contorna a boca<br />A boca vermelha ao redor do cigarro<br />O cigarro manchado amontoado de nicotina<br />A nicotina movendo o cérebro<br />O cérebro inventando coisas<br />As coisas borrando pensamentos<br />Os pensamentos refletindo a alma<br />A alma sendo a essência do ser<br />O ser: corpo a olho nu<br />Corpo a olho nu rodeado de tendências<br />O vermelho é a tendência da estação<br />A tendência que dá cor aos corpos<br />Maquiagens que camuflam o ser enquanto corpo<br />O corpo,<br />os olhos, a nuca, a boca, o TODO<br />O batom vermelho que (mais uma vez) contorna a boca.Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4906979345263898462.post-60327541692565500122010-04-12T04:45:00.001-07:002010-04-12T04:45:52.446-07:00Dizem que o amor é cego...<div align="justify"><span style="font-family:verdana;">Não nos cansamos de ouvir o bom e velho ditado “o amor é cego”. Ok! Uns concordam, outros não, eu me abstenho de opinar... Mas seria o amor apenas cego, como difunde tanto esse jargão? Eu atribuiria ao amor outra característica, pra mim, o amor seria um destruidor vocálico. Sim, isso mesmo que você leu!<br /> Por que as pessoas, na maioria das vezes, quando estão amando loucamente tratam seus parceiros com aquelas vozes irritantes?! É chato ouvir “meu amorzinho”, “meu xodozinho”, “meu neném” e etc. com aquele tom de voz de criança que casais apaixonados amam usar.<br /> Dica do dia: essas vozes infantis nasalizadas acompanhadas de termos melosos não combinam, não conquistam e muito menos causam tesão em nenhum cidadão que esteja em sã consciência, que tenha discernimento mental completo!<br /> Se é para os casais continuarem com essa diarréia vocálica, preferiria eu que o amor fosse mudo a cego!</span></div>Mariana Gualbertohttp://www.blogger.com/profile/03204358307210828945noreply@blogger.com1