segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dizem que o amor é cego...

Não nos cansamos de ouvir o bom e velho ditado “o amor é cego”. Ok! Uns concordam, outros não, eu me abstenho de opinar... Mas seria o amor apenas cego, como difunde tanto esse jargão? Eu atribuiria ao amor outra característica, pra mim, o amor seria um destruidor vocálico. Sim, isso mesmo que você leu!
Por que as pessoas, na maioria das vezes, quando estão amando loucamente tratam seus parceiros com aquelas vozes irritantes?! É chato ouvir “meu amorzinho”, “meu xodozinho”, “meu neném” e etc. com aquele tom de voz de criança que casais apaixonados amam usar.
Dica do dia: essas vozes infantis nasalizadas acompanhadas de termos melosos não combinam, não conquistam e muito menos causam tesão em nenhum cidadão que esteja em sã consciência, que tenha discernimento mental completo!
Se é para os casais continuarem com essa diarréia vocálica, preferiria eu que o amor fosse mudo a cego!

Um comentário:

  1. Pra não dizer que passei por aqui e não disse nada, escolhi esse aqui pra comentar. Cega, pra bem ou pra mal, é a justiça. Não o amor. A paixão, bem, a paixão dispensa comentários; basta visitar sua etmologia, do grego Pathos, que deu patologia em português, e toda a cadeia de palavras como passividade, ou por extensão de sentido, sofrimento, o que gera confusões como aquela lembrada pelo Camelo "achando que sofrer é amar demais". Quanto às vozinhas irritantes, é culpa das pessoas por aqui confundirem público e privado e escancararem a intimidade. Patético, concordo. Bom... já o amor é um sentimento que torna plena nossa percepção do mundo, uma maneira de refrear a razão e se sentir integrado às coisas, ao mundo. Daí que o amor pertence a quem ama e não ao objeto ou pessoa amada. O amor é um estado de espírito que iguala as pessoas e que faz, por exemplo, uma mãe olhar toda criança como um filho, ou um homem olhar toda mulher como potencialmente sua ;) Enfim. Pra te deixar uma provocação... procure esse poema lido pela Maria Betânia.

    Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.
    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.

    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.

    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.

    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    (Todas as palavras esdrúxulas,
    Como os sentimentos esdrúxulos,
    São naturalmente
    Ridículas.)
    Fernando Pessoa

    Um beijo

    Daniel

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