Estava do lado de cá do passeio. O homem,
do lado de lá. Era hora do café da tarde, do break no trabalho. Estava prestes a atravessar a rua quando o
sujeito se antecipou e veio em minha direção. Com uma mão ele segurava um vaso
de planta montado artesanalmente; com a outra, levava à boca o que, há
instantes, havia sido um cigarro. Naquele momento era apenas filtro queimado.
–
Moça, compra minha arte? Dirigiu a
palavra a mim, enquanto esticava o braço, mostrando a planta.
–
Hoje eu não tenho nada. É fim de mês e sou estagiária.
–
Eu faço pra você por R$ 5. Olha, fiz tudo à mão. Peguei essa garrafa que fica
aqui em baixo do suporte na rua, porque detesto gente que polui o ambiente. Já
catei meu reciclável do dia. Já fiz a minha parte. Faça a sua, dê uma forcinha
aí. Insistiu como quem tenta vender um carro de luxo, esperando aquela
comissão.
–
Ô moço, não tenho nada mesmo. Vai ficar pra próxima.
–
Sem problemas, então. Mas você me dá um minuto da sua atenção?
–
Claro, diga!
–
Semana passada, ganhei R$50 com a planta. Mas foi com outra. Eu ‘tava’ na minha
casa e meu primo apareceu com um amigo dele lá. Assim, de surpresa. E não é que
o caboclo viu meu pé de maconha e me ofereceu 50 pratas nele? Era desse tamanho
aqui ó – o homem gesticulou apontando
para a altura dos seus joelhos. Vendi na hora!
Após
desabafar sobre o feito, com um misto no olhar de realização e saudade, ele se despediu
apenas pelo gesticular de sua mão esquerda.
–
Cuidado com a planta que vai vender por aí! Aconselhei
e observei o homem caminhar noutra direção. Ainda com o toco de cigarro nos
lábios.
hahaha! Amei esse cara, ele é ecológico. Ponto. kkkk! Muito bom!
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