terça-feira, 5 de maio de 2015

Desse tamanho aqui, ó!


Estava do lado de cá do passeio. O homem, do lado de lá. Era hora do café da tarde, do break no trabalho. Estava prestes a atravessar a rua quando o sujeito se antecipou e veio em minha direção. Com uma mão ele segurava um vaso de planta montado artesanalmente; com a outra, levava à boca o que, há instantes, havia sido um cigarro. Naquele momento era apenas filtro queimado.

– Moça, compra minha arte? Dirigiu a palavra a mim, enquanto esticava o braço, mostrando a planta.

– Hoje eu não tenho nada. É fim de mês e sou estagiária.

– Eu faço pra você por R$ 5. Olha, fiz tudo à mão. Peguei essa garrafa que fica aqui em baixo do suporte na rua, porque detesto gente que polui o ambiente. Já catei meu reciclável do dia. Já fiz a minha parte. Faça a sua, dê uma forcinha aí. Insistiu como quem tenta vender um carro de luxo, esperando aquela comissão.

– Ô moço, não tenho nada mesmo. Vai ficar pra próxima.

– Sem problemas, então. Mas você me dá um minuto da sua atenção?

– Claro, diga!

– Semana passada, ganhei R$50 com a planta. Mas foi com outra. Eu ‘tava’ na minha casa e meu primo apareceu com um amigo dele lá. Assim, de surpresa. E não é que o caboclo viu meu pé de maconha e me ofereceu 50 pratas nele? Era desse tamanho aqui ó – o homem gesticulou apontando para a altura dos seus joelhos. Vendi na hora!

Após desabafar sobre o feito, com um misto no olhar de realização e saudade, ele se despediu apenas pelo gesticular de sua mão esquerda.

– Cuidado com a planta que vai vender por aí! Aconselhei e observei o homem caminhar noutra direção. Ainda com o toco de cigarro nos lábios.


Um comentário:

  1. hahaha! Amei esse cara, ele é ecológico. Ponto. kkkk! Muito bom!

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